quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Êxodo ao Campo











Liliana Peixinho*


                   Êxodo ao Campo


          A agricultura é um dos ganchos mais positivos que o Brasil tem, na atualidade, para fortalecer os seus argumentos junto aos financiadores internacionais. No entanto, parece que o governo ainda não deu a devida prioridade para o sério problema dos Sem Terra, Sem Teto, Sem Dinheiro, Sem Emprego e uns cem mais nomes que queiramos inventar para mostrar o processo de exclusão de milhões de brasileiros. Se temos muita terra fértil, sol, uma diversidade de recursos hídricos e disposição de sobra de milhões de brasileiros trabalhadores desempregados à procura de uma oportunidade para ajudar o Brasil a crescer, a mudar, por que o governo não leva isso à sério e começa, já, de imediato,  processo inverso do Êxodo Rural ?
    Por que o presidente Lula, que saiu de Pernambuco, cheio de esperança e soube, na prática, como foi duro resistir em São Paulo, não começa a chamar de volta, ao interior, ao campo, às terras férteis, longe dos concretos, das fumaças, da violência, da agonia, do faz de conta que vive, os milhões e milhões de brasileiros que já perderam a ilusão da cidade grande, da esperança de uma vida cheia de novas oportunidades, e que hoje vivem na exclusão, no completo abandono, na marginalidade, na falta de oportunidade de trabalho só causando mais problemas e engrossando a extensa bola de neve do sofrimento?
       É, assim como a campanha da Fome Zero o Brasil deveria começar a chamar de volta, dando atrativos de competitividade, é claro, aos milhões e milhões de nordestinos, por exemplo, que, no desemprego e na falta de justiça, acabam engrossando a onda de violência em um país que tudo para ser um paraíso. No mundo onde a qualidade de vida passa, prioritariamente por cuidados da saúde a partir da água, do ar e da qualidade dos alimentos, não seria difícil mobilizar a população para voltar às suas origens, com orgulho e reais oportunidades de levar o Brasil a um novo projeto de destaque na aldeia global. Lembro de pequenas cidades na França, na Itália, na Suíça, na Holanda, onde a população vive tão bem, com tanta qualidade de vida e perto do mundo, sem isolamento, com super mercado, internet, universidades e escolas de qualidade e tudo o que o mundo civilizado oferece à Humanidade.
       No Brasil, viver no campo ainda é sinônimo de atraso, de isolamento, de cafonice, de falar errado e pior de tudo, de passar fome a ponto de se viver à base de sopa de pedra, coisa do fim do mundo, de um mundo inaceitável. Como bem, disse o deputado Roberto Carlos, ao visitar um assentamento do MST em Santana do Brumado, município de  Casa Nova, não adiante o governo garantir só a terra, há de dar condições para morar, com dignidade, ter água para beber e regar a plantação e criar as condições de financiamento para a produção, com competitividade de mercado. Do contrário, daremos continuidade à velha história da cultura da subexistência, isso mesmo, uma sub existência, uma existência abaixo da desejada, da necessária, da digna, da que realmente esse povo sofrido e resistente merece ter.   Que novos ventos soprem a favor do Êxodo ao Campo, amém.   
  
Liliana Peixinho *Jornalista, Correspondente na Bahia do Jornal Folha do Meio Ambiente, autora de proposta para tese de mestrado sobre Mídia e Meio Ambiente, Coordenadora da RAMA - Rede de Articulação e Mobilização em Comunicação e Meio Ambiente, das Ongs Verde Limpo, AMA- Amigos do Meio Ambiente . Pós- graduanda em Turismo e Hotelaria da FABAC

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