Liliana Peixinho*
Êxodo ao Campo
A
agricultura é um dos ganchos mais positivos que o Brasil tem, na atualidade,
para fortalecer os seus argumentos junto aos financiadores internacionais. No
entanto, parece que o governo ainda não deu a devida prioridade para o sério
problema dos Sem Terra, Sem Teto, Sem Dinheiro, Sem Emprego e uns cem mais
nomes que queiramos inventar para mostrar o processo de exclusão de milhões de
brasileiros. Se temos muita terra fértil, sol, uma diversidade de recursos
hídricos e disposição de sobra de milhões de brasileiros trabalhadores
desempregados à procura de uma oportunidade para ajudar o Brasil a crescer, a
mudar, por que o governo não leva isso à sério e começa, já, de imediato, processo inverso do Êxodo Rural ?
Por que o presidente Lula, que saiu de
Pernambuco, cheio de esperança e soube, na prática, como foi duro resistir em
São Paulo, não começa a chamar de volta, ao interior, ao campo, às terras
férteis, longe dos concretos, das fumaças, da violência, da agonia, do faz de
conta que vive, os milhões e milhões de brasileiros que já perderam a ilusão da
cidade grande, da esperança de uma vida cheia de novas oportunidades, e que
hoje vivem na exclusão, no completo abandono, na marginalidade, na falta de
oportunidade de trabalho só causando mais problemas e engrossando a extensa
bola de neve do sofrimento?
É, assim como a campanha da
Fome Zero o Brasil deveria começar a chamar de volta, dando atrativos de
competitividade, é claro, aos milhões e milhões de nordestinos, por exemplo, que,
no desemprego e na falta de justiça, acabam engrossando a onda de violência em
um país que tudo para ser um paraíso. No mundo onde a qualidade de vida passa,
prioritariamente por cuidados da saúde a partir da água, do ar e da qualidade
dos alimentos, não seria difícil mobilizar a população para voltar às suas
origens, com orgulho e reais oportunidades de levar o Brasil a um novo projeto
de destaque na aldeia global. Lembro de pequenas cidades na França, na Itália,
na Suíça, na Holanda, onde a população vive tão bem, com tanta qualidade de
vida e perto do mundo, sem isolamento, com super mercado, internet,
universidades e escolas de qualidade e tudo o que o mundo civilizado oferece à
Humanidade.
No Brasil, viver no campo
ainda é sinônimo de atraso, de isolamento, de cafonice, de falar errado e pior
de tudo, de passar fome a ponto de se viver à base de sopa de pedra, coisa do
fim do mundo, de um mundo inaceitável. Como bem, disse o deputado Roberto
Carlos, ao visitar um assentamento do MST em Santana do Brumado, município
de Casa Nova, não adiante o
governo garantir só a terra, há de dar condições para morar, com dignidade, ter
água para beber e regar a plantação e criar as condições de financiamento para
a produção, com competitividade de mercado. Do contrário, daremos continuidade
à velha história da cultura da subexistência, isso mesmo, uma sub existência,
uma existência abaixo da desejada, da necessária, da digna, da que realmente
esse povo sofrido e resistente merece ter. Que novos ventos soprem a favor do Êxodo ao Campo,
amém.
Liliana Peixinho *Jornalista, Correspondente na Bahia do Jornal
Folha do Meio Ambiente, autora de proposta para tese de mestrado sobre Mídia e
Meio Ambiente, Coordenadora da RAMA - Rede de Articulação e Mobilização em
Comunicação e Meio Ambiente, das Ongs Verde Limpo, AMA- Amigos do Meio Ambiente
. Pós- graduanda em Turismo e Hotelaria da FABAC
Nenhum comentário:
Postar um comentário