domingo, 16 de outubro de 2011

Marketing verde, realidade insustentável e papel da Ciencia

Por: Liliana Peixinho *

De que maneira a Comunicação pode contribuir, ou não, com a sustentabilidade? A informação veiculada e acessada, filtrada, pode ajudar na mudança de comportamento? Como isso pode acontecer, de fato? Se formos verificar o volume de investimentos que governo e empresas realizam, para propagar programas e produtos, podemos supor que as contrapartidas em visibilidade, credibilidade e por conseqüência, consumo, apresentam retornos que satisfazem bem os interesses de uma das partes da cadeia, os investidores. Mas, e o consumidor, esta satisfeito? E a matriz de produção, tem sido preservada, cuidada?

Se a Comunicação como grande área do jornalismo, publicidade, relações públicas, assessoria de imprensa, redes sociais e outras, que aparecem no cenário do avanço de novas tecnologias, tem peso relevante nas demandas diversas do cotidiano qual o modelo de Ciência que queremos, precisamos para a pautas permanentes como a defesa e  promoção de direitos, manejo sustentável dos recursos naturais, manejo de resíduos, incentivo, apoio e promoção ao uso de  energias renováveis, limpas, redução do risco de desastres, preparação e adaptação às mudanças climáticas.

É objetivo desse artigo despertar a atenção sobre forma, velocidade, conteúdos e resultados de comportamentos construídos pela mídia, através da propagação massiva de conteúdos, sob o olhar da sustentabilidade. Essa pesquisa é reforçada por depoimentos de especialistas e jornalistas sobre o cotidiano brasileiro, mostrando quão distante anda o discurso, generalizado, da prática. Onde a garantia da Vida se revela frágil quando observamos o caos em setores importantes como saúde, educação, transportes, moradia, emprego. Problemas sentidos de perto por quem mais o governo diz estar dando atenção: as classes média e pobre.

Lobby invisível

Quando analisamos dados como o do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ao revelar que os dois por cento mais ricos dos adultos do mundo possuem mais do que a metade da riqueza familiar global, enquanto que os 50 por cento mais pobres dos adultos possuem apenas um por cento e constatamos que os ricos foram os que mais se beneficiaram com o crescimento econômico global vemos que em termos gerais, as pessoas pobres não conseguiram se incluir, ao contrário pioraram sua qualidade de vida já que grande parte dos danos ambientais causados pelos seres humanos é causada para satisfazer o consumo das pessoas ricas. E esse modelo de consumo, de distribuição e acesso ao que está sendo produzindo no mundo, no Brasil, que está em questionamento. São esses recortes sociais de insatisfação que nos mostra uma relação indireta com o meio ambiente e, assim, raramente vêem os danos que estão causando. Que mudanças de comportamento observamos nesse modelo de desenvolvimento?

Vejamos: a classe rica, a que detém todos os poderes, de informação, de recursos, de acesso, de articulação, de mobilização, sabe o valor, por exemplo, dos produtos orgânicos, para a saúde. Quem produz orgânico sem apoio nenhum são os pequenos agricultores familiares, que nem acesso a recursos de investimentos via bancos ou agencias de desenvolvimento, conseguem garantir para suas micros safras. Esse povo viaja léguas para ir até as feirinhas da cidade mais próxima para vender, aliás, entregar, quase de graça, produtos que consumiram suor e sangue, meses a fio, sem água, sem energia, a preços que não cobrem as mínimas necessidades de uma cesta básica. Eles vendem, por exemplo, tapioca e beiju, para comprar bolachas quimicamente coloridas, e ai qualquer lógica de autosustentação se esvai pois a cadeia produtiva sustentável é quebrada quando exploramos a mão de obra que “dá duro”, “pega forte no batente”,  esquenta os miolos no sol quente “  durante a “lida” nas roças nordestinas de mandioca. Portanto, a classe alta provavelmente continuará com o seu alto consumo e as classes baixas trabalhando duro para alimentá-los com o que há de melhor, na segurança alimentar, no artesanato, nos paradisíacos roteiros turísticos. Riquezas biodiversas que a comunidade cuida como pode e o turista, vem, suja e degrada sob o discurso da ilusão usado na propagada da geração de emprego e renda, bordão mais utilizado pelo lobby invisível entre governo e empresas.   

Vida frágil

Entre especialistas em comunicação circula informações sobre a velocidade da propagação do conceito sustentabilidade e a necessidade de entender melhor o sentido profundo da expressão, usada massivamente sem a devida interseção harmônica nas escalas de produção. Mais do que significado, uma frase vale por seu efeito estético, moderno, linkado com uma realidade que insiste resistir aos desafios de mudanças de comportamento para a sustentação de sistemas fragilizados pela ganância, lucro fácil e rápido, desperdício de tempo e recursos, em nome de uma Vida frágil e ignorada. Mesmo depois que a Ciência propagou ao mundo os problemas com o clima, e esses dados vem sendo divulgados desde os anos 70,  a preocupação com as conseqüências geradas por essas bruscas transformações na Vida, não vemos ainda, mudanças de comportamento para essas adaptações discutidas entre os cientistas e pela mídia como uma questão de importância global, empresários, bancos, instituições de ensino, agricultores comunitários, governos em âmbito nacional e internacional parecem estar linkados, mas de forma desconexa, paradoxal, onde discurso e prática estão bem distantes da realidade.

Apesar do apelo ideológico difundido massivamente, com reforço diário do discurso da sustentabilidade, o conceito parece estar distante de práticas, ações, gestões, comportamentos, que levem equilíbrio, harmonia, entre o que, como, e quanto se produz, na cadeia das atividades econômicas. Nesse contexto, como a Comunicação, o jornalismo, a publicidade, as redes sociais, as listas de discussões, os grupos virtuais, blogs, sites, entre outros, podem contribuir com informações, transversalizadas, contextualizadas historicosocialmente, para a construção de uma nova mentalidade, um novo jeito de pensar, fazer, se comportar, agir, mudar, no que tem se mostrado, demandado, como necessário e urgente? 

Discurso desconectado

De um lado vemos que os avanços da Ciência no prolongamento da Vida humana estão desconectados com a mesma fragilidade que essa vida se mostra em ambientes criminosamente impactados por essa mesma ação humana. Esse paradoxo entre as descobertas científicas e a preservação da Vida, num planeta que ainda estamos a conhecer, parece desconsiderar o tempo como o grande protagonista da História, que é determinada por ele. O homem pode viver 100, 110 ou mais anos. Ao mesmo tempo e no mesmo lugar, crianças continuam nascendo sem prevenção à saúde para garantir o início da vida. Faltam direitos simples, mínimos, como o de poder dar o primeiro suspiro numa maternidade com as mínimas condições profiláticas para isso. 

Estamos bombardeados de propagandas sobre produtos que causam obesidade, problemas cardíacos, diabetes, câncer e um sem número de doenças, diretas ou indiretamente relacionadas ao que consumimos. E não temos proteção para atendimentos médico, psicológico ou jurídico, necessários, decorrentes de comportamento construídos por uma mídia que parece focar apenas na sedução para a compra, desconectada com os resultados gerados pelo comportamento que a mensagem produziu no espectador, leitor, internauta, ouvinte, dentro ou fora de casa.    

A televisão, por exemplo, entrou no mercado, nas lares, com  força e poder para ditar comportamentos desproporcionais ao poder aquisitivo dessas famílias que se sentam, absortas, em frente a telinha. Vemos agora esse poder sendo dividido, compartilhado, distribuído para as redes sociais, onde esse mesmo poder da mídia veio ainda com mais força, com velocidade ainda maior, para transpor o tempo, agora imediato, real.  A mesma competência que esteia o discurso da mídia verde vazia deve ser buscada com a inteligência exigida pela urgência que estar a querer a Vida, harmoniosa e sem pressa, como merecemos ser.

Essa mídia veloz em estimular o consumo, pelo consumo, vem empurrando a Vida para uma correria estressante onde por exemplo, comprar carro, para ficar preso em engarrafamentos, nas rodovias e centros urbanos, pagar até 15 reais de estacionamento, e correr todos os riscos por falta de seguro, parece ser mais importante do que se alimentar bem, como cultura de prevenção e saúde. Acordar cedo para trabalhar fora de casa, para pagar uma babá, que também deixou o filho em casa para ir trabalhar, alimenta cadeias de vida insustentáveis, famílias desestruturadas, ambientes de risco tosco. Se formos analisar o ciclo perverso sobre o trabalho das mães babás dos filhos dos outros, por exemplo, o custo social desse comportamento pode ser exemplo de diversos outros ciclos da vida em via crucis.

Jornalismo e investigação

E dever da Comunicação estar atenta as condições sociais para garantia da Vida? Se for e sabemos que é, então não podemos fazer de conta que não vemos empresas propagando-se sustentável, sem ser. Ao usar trabalho escravo, impactar o ambiente e não ter compromisso em cuidar, preservar, garantir condições para futuras gerações, não é sustentável. E, como disse o colega Andre Trigueiro, nós jornalistas, temos obrigação em dizer e mostrar porque projetos ditos sustentáveis, não o são, de fato. Claro que isso dá trabalho, precisa de investigação, coragem, e uma dose de ética que o mercado publicitário, e mesmo jornalístico, não parece estar interessado. Ter jornalistas que façam essa diferença nas redações e agora, em blogs, mídias e redes sociais, parece ser o caminho para aqueles que querem e acreditam no fazer como compromisso de mudanças.

Apesar da visibilidade midiática e da evolução do conceito: desenvolvimento sustentável, a realidade cotidiana demonstra, nos faz ver, perceber, sentir, registrar, que ações, de fato, sustentáveis, são difíceis de comprovar, diante de realidades diárias sobre a natureza humana e ambiental. Essas faces do ambiente estão degradadas, violentadas, exploradas, impactadas. A sustentabilidade tem sido ênfase dos discursos, peças publicitárias, propagandas, falas de governo, empresas e ONGs. De forma competente e criativa percebemos o apoderamento do termo para surfar na onda do marketing verde vazio.

Quando alguém, um governante, um empresário, um representante de um instituto, ONGs, associação, diz que faz um programa dessa ou daquela maneira e não o faz,  de fato, como anuncia, qual deve ser o comportamento da mídia?. O corporativismo, com certeza, é outro elemento dificultador. O medo de perder emprego, contrariar interesses, mais forte ainda. O compromisso com os efeitos da informação não parece ser prioridade em agendas controladas pela política financeira. E, mesmo nas bancas acadêmicas o tempo e sempre pouco para aprofundar o debate.

A Carta da Terra diz que “devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. E, que para chegar a esse propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações”. Nesse contexto, é imperativo reforçarmos o saber como instrumento de construção, impulsão, para qualquer modelo, jeito de viver, que reforce a condição humana como frágil, limitada, diante do poder da Natureza, cujas facetas, climáticas, por exemplo, a própria Ciência ainda ignora, desconhece?

Ciência e Sustentação

Qual o modelo de gestão da Ciência para problemas revelados pela própria Ciência sobre a necessidade humana de adaptar-se? Conforme a própria Ciência, para se realizar ações de adaptação é necessário financiamento e transferência de tecnologia para ajudar as comunidades pobres a se adaptarem aos impactos inevitáveis da mudança climática. No âmbito local, isto pode consistir em ajudar as pessoas com poder na comunidade, tais como funcionários ou agências locais, a se conscientizarem sobre o que está acontecendo e incentivá-las a agir, de maneira que as comunidades possam se adaptar às mudanças climáticas; muitas chuvas, secas prolongadas, incêndios florestais, entre outras, para se desenvolver de maneira mais sustentável. Mas isso não ocorre. As vitimas nordestinas das ultimas enchetes estão abandonadas, sem casas, levadas pelas furiosas enxurradas. No âmbito nacional, o trabalho de defesa e promoção de direitos poderia consistir em pedir aos governos para que obtenham acesso ao financiamento e à transferência de tecnologia necessária ou em procurar apoiar ou influenciar os Planos de Ação Nacionais de Adaptação (NAPAs). Isso até é acionado, mas o recurso não chega na ponta da cadeia de produção. Fica no meio do caminho ou na ponta inicial.

Outra ação seria a mitigadora, ou seja, feito o estrado, vamos agora mitigar, reduzir as emissões de gases de efeito estufa para um nível global “seguro”. Os países ricos são os que devem fazer a maior parte das reduções, enquanto que os países pobres devem obter acesso a financiamento e tecnologia para se desenvolverem de maneira sustentável, como, por exemplo, recebendo incentivos para proteger suas florestas. Há quem defenda, por exemplo, que na comunidade, em  âmbito local, o trabalho de defesa e promoção de direitos poderia consistir em informar as autoridades locais sobre como colaborar com os processos nacionais e educá-las sobre possíveis opções de mitigação, tais como a utilização de energia renovável. Em âmbito nacional, o trabalho de defesa e promoção de direitos poderia consistir em pedir aos governos acesso ao financiamento e à tecnologia necessária para ajudar as comunidades a se desenvolverem de forma mais sustentável. E o jornalismo investigativo, comprometido, ativismo jornalístico ambiental vai e campo e observa, constata que isso não acontece, de fato, acontece na propaganda, nos relatórios, nas falas, nos discursos, seminários, congressos, relatórios e tudo o que acaba fortalecendo a insustentação da vida em ambientes pobres, carentes de atenção e seriedade com os recursos captados e não alocados.

E, como a vida continua pautada no consumo, seja de idéias, fazeres e experiências, necessário e sensato, parece ser, adotar políticas, práticas, comportamentos, que alimentem a construção de cadeias de suprimentos onde, fornecedores, distribuidores, varejistas e consumidor final, estejam em harmonia, em sintonia, com as adaptações que o planeta, o ambiente, rural ou urbano, estar a nos exigir, para a garantia da Vida, em suas diversas formas.

Liliana Peixinho* - Jornalista, ativista, Fundadora dos Movimentos Livres AMA – Amigos do Meio Ambiente e RAMA – Rede de Articulação e Mobilização Ambiental. Especializada em Mídia e RSA. MBA em Turismo e Hotelaria. Posgraduanda em Jornalismo Científico e Tecnológico - UFBA Objeto de pesquisa para o Projeto de mestrado “Mídia, transversalidade na informação e sustentabilidade” . lilianapeixinho@gmail.com

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

FIEB EXPOE POLITICA DE C&T BASEADA EM ECOEFICIENCIA


 
Vice-presidente da FIEB Reinaldo Dantas Sampaio expõe desafios da indústria na Sustentabilidade

Nessa entrevista especial à jornalista Liliana Peixinho o vice-presidente da FIEB –Federação das Indústrias da Bahia, Reinaldo Dantas Sampaio, expõe a política da instituição para o enfrentamento dos desafios frente à sustentabilidade. Gestão, ações socioambientais, construção de parcerias para processos ecoeficientes na produção industrial, inovação e tecnologia são alguns dos temas abordados .
Destaques
“ Quando a sociedade torna-se esclarecida, culta, consolida também seu sentido de cidadania e estabelece novos valores em todos os âmbitos das relações sociais”.
“Os segmentos industriais que exigem maior complexidade e conhecimento, para os quais estamos preparados ou fase de preparação, são: Automobilística, indústria naval, energias renováveis, em especial, eólica, tecnologia da informação, química e petroquímica, mineração e logística”.

PING PONG
Liliana Peixinho* - Que projetos, ações, programas a FIEB tem hoje, em sua agenda, para de fato, na prática, in loco, verificarmos mudanças de comportamentos em relação aos modos de produção com uso de tecnologias limpas, harmoniosas, preventivas, de preservação da grande matriz Recursos Naturais?
FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - O Sistema FIEB, através, principalmente, das unidades do SENAI apóia os processos de inovação de processos e produtos, disponibilizando à indústria da Bahia, inteligência e laboratórios, alguns de elevada complexidade tecnológica. Nos tempos presentes, grande parte desses processos inovadores está orientada para a redução do uso de insumos, em especial água e energia; tratamento de resíduos e efluentes, utilização de novos materiais oriundos de fontes renováveis, reciclagem, dentre outros. Ou seja, processos ecoeficientes. Sugiro uma visita ao SENAI-Cimatec e ao SENAI- Cetind onde você poderá ouvir dos nossos pesquisadores detalhes e resultados. Posso assegurar que muitas das indústrias com as quais cooperamos, poderão apresentar dados que comprovem essas conquistas. Também, através do IEL - Instituto Euvaldo Lodi, atuamos no âmbito da pequena e média indústria, promovendo programas de educação e conscientização da gestão ecoeficiente, aliados, tais programas, a processo de diagnóstico presencial em cada empresa para identificar possibilidades de inovação e apoio no seu desenvolvimento. Também apoiamos na elaboração de projetos de pesquisa e desenvolvimento na captação de recursos destinados a P.D e Inovação, além das ações objetivando a integração universidade-empresa vital para tornar a Bahia geradora de patentes em escala superior ä de teses científicas sem aplicação prática em benefício da sociedade.
LP - A Bahia, o  Nordeste, de forma geral, apresentam um quadro de demandas reprimidas no uso de tecnologias eficientes, inteligentes, modernas, preventivas, linkadas com as novas necessidades de adaptação às mudanças que a Vida estar a exigir diante dos "estragos" feito pelo Homem/Indústria. O que a FIEB observa de novo, de inédito, inovador, revolucionário, nesse cenário?
FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - A velocidade da superação de processos produtivos industriais menos eficientes por outros mais eficientes, está relacionada ao nível técnico-científico da sociedade subjacente. Sociedades inovadoras criam empresas inovadoras; outros fatores, de natureza macroeconômica, também são determinantes para induzir os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica; ambientes econômicos dotados de condições como, conhecimento tecnológico e infraestrutura, que favorecem a competitividade sistêmica, são determinantes para estimular a demanda por investimentos, em especial, aqueles voltados para a inovação. Creio que o que há de novo nesse sentido, parece ser a gradativa consolidação de uma conscientização dos agentes econômicos, do governo e da própria sociedade que a realidade econômica mundial, se apresenta como uma oportunidade histórica para avançarmos para um elevado patamar técnico-científico da nossa sociedade e da nossa indústria, objetivando alcançar um estágio de desenvolvimento que podemos defini-lo como de ´elasticidade competitiva sistêmica. Por outro lado, processos inovadores revolucionários, em geral, ocorrem em ambientes industriais de maior adensamento de cadeias produtivas; a Bahia, sabemos, tem uma matriz industrial com elevada concentração setorial e empresarial; dessa forma, as inovações de grande envergadura ocorrem em um universo dessas poucas empresas que respondem, em conjunto, por mais de 75% do Valor da Transformação Industrial do nosso Estado. Por fim, devemos incorporar em nossas expectativas e conceito de inovação, a observação feita pelo Prêmio Nobel de Economia, Robert Solow: ´ Inovação, pode ser tanto uma nova tecnologia revolucionária, quanto uma rotatória do trânsito, desde que ambas elevem a eficiência e a produtividade da sociedade. Pensar dessa forma, permitirá incluir no conceito de empresas inovadoras, aquelas de micro, pequeno e até médio portes que, muitas vezes, tornam-se mais eficientes e competitivas através de ações que revolucionam apenas seu próprio ambiente operacional ou de gestão.
LP - Especialistas em Responsabilidade socioempresarial viajam o mundo e o Brasil para falar a empresários sobre as novas necessidades de construção de mercados verdes, com Cadeias Produtivas Sustentáveis, Harmoniosas, de ponta a ponta, onde todo e qualquer processo produtivo seja pautado em valores como: comércio justo, preservação das matrizes, não exploração de mão de obra,  e satisfação dos clientes/trabalhadores/produtores, alimentando o paradigma do Consumo Consciente. É possível conciliar lucro, preservação e crescimento sem questionar modelos antigos/cartesianos de políticas economicas cuja lógica tem favorecido, ao longo da história pós revolução industrial, a concentração de renda, o desemprego, a exclusão e uso de tecnologias com  impactos socioambientais de larga escala? 
FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - Essa pergunta eu diria que é fascinante, porque propõe questionamentos cujo entendimento, ainda que polêmico e inevitavelmente sujeito a profundas controvérsias, transita pela economia política ( a compreensão das forças que regem uma ordem econômica historicamente determinada em que vivemos), pela  filosofia ( a questão da ética, enquanto práxis humana transformadora; reflexão crítica da conduta humana) pela sociologia ( a nova sociedade hiperconsumista que, aparentemente, renunciou às tradições e às utopias, privilegiando o presente,o ´hic et nunc´); abordagens que considero essenciais para responder questões dessa natureza.  Más, tratando-se do Sistema FIEB, sua missão é contribuir para o aumento da produtividade e da competitividade das empresas e fazemos isso, primeiro, capacitando as pessoas, desde o ensino básico, passando pela capacitação técnica e chegando até a formação superior no nível de doutorado. Acreditamos que são as pessoas, educadas, capacitadas, proativas e com capacidade de comunicação e elevado conteúdo humanístico que são capazes de tornar as empresas inovadoras e competitivas; além  disso, instalamos centros tecnológicos estruturados para atender os requisitos de pesquisa e desenvolvimento de produtos e de processos do interesse de indústrias de qualquer nível de complexidade tecnológica. Quando a sociedade torna-se esclarecida, culta, consolida também seu sentido de cidadania e estabelece novos valores em todos os âmbitos das relações sociais propriamente ditas, bem como, no âmbito das relações sociais de produção, Alcançando tanto as relações de trabalho, quanto aquelas relacionadas com os cuidados ambientais. Vale ressaltar, e esse há um fato relevante, que o ciclo de industrialização iniciado na Bahia há cerca de trinta anos e ainda em desenvolvimento, não apresenta registro de descaso com os cuidados ambientais; ao contrário, muitas indústrias importantes instaladas em nosso Estado têm sido premiadas até internacionalmente, como exemplo de empresas sócio-ambientalmente responsáveis.
LP - O Brasil, em destaque o Nordeste/ Bahia carece de mão de obra especializada, em diversas áreas. A FIEB, e seus sistemas, IEL, SESI, Senai, Sindicatos, Conselhos e outras representações, oferece o que  na Bahia, não só em Salvador, mas, principalmente no interior, em formação, capacitação, especialização?
 FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - Como falei anteriormente, o Sistema FIEB atua em muitas frentes de apoio á formação/capacitação de pessoas. O SESI, oferecendo educação básica gratuita integrada e continuada com a formação técnica do SENAI, além de atuar na prevenção de questões relacionadas à saúde e segurança do trabalhador e de oferecer e patrocinar atividades esportivas e de recreação para os industriários.O SENAI, oferece capacitação técnica e de nível  superior, inclusive é uma das poucas entidades brasileiras, autorizadas a fornecer Certificação de Pessoas em diversas competências técnicas.O IEL, no tocante ä questão de formação profissional, atua promovendo formas de cooperação e de integração Universidade/Empresa, além de gerir um reconhecido Programa de Estágio para estudantes universitários, não somente fazendo cumprir o quanto determinado na Lei de Estágio, más, incorporando métodos adicionais de acompanhamento e avaliação que reforçam a interação construtiva do conhecimento acadêmico com o aprendizado prático no ambiente empresarial.Essa atuação ocorre proporcionalmente em função da base industrial territorial, tanto a existente, como  em potencial de desenvolvimento; essa compreensão inspira o Planejamento em curso, orientado para ampliar a presença do sistema FIEB em diversas regiões do Estado, estando previsto a construção ou ampliação de estruturas físicas nos Municípios de  Barreiras, Luis Eduardo Magalhães, Ilhéus/Itabuna, Feira de Santana, dentre outros.
LP - Quais as áreas prioritárias de investimento industrial? E que resultados o Sistema FIEB apresentou? Fale sobre projetos para os próximos , digamos, 50 anos, eles existem? 
FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - O Sistema FIEB apóia todo e qualquer tipo de indústria não importando seu porte ou ramo de atividade; evidentemente, observando tendências e/ou perspectivas de novos segmentos de atividade industrial no Estado, procura antecipar-se e capacitar-se para apoiar, tanto em formação profissional quanto em desenvolvimento tecnológico. Poderia dizer que os segmentos industriais que exigem maior complexidade e conhecimento, para os quais estamos preparados ou fase de preparação, são: Automobilística, indústria naval, energias renováveis, em especial, eólica, tecnologia da informação, química e petroquímica, mineração e logística.
LP- Política a longo prazo é estratégia empresarial na FIEB ou ela tenta acompanhar a pressa de empresários que querem, e precisam, cobrir/ter retorno rápido, dos investimentos realizados?
FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - O Sistema FIEB tem mais de 60 anos, em permanente aprimoramento no seu mister, que é, o de contribuir para o aumento da competitividade da indústria da Bahia, atuar na defesa de interesse da atividade industrial, de modo  que seja  reconhecido como uma entidade que oferece relevante contribuição para o desenvolvimento do nosso Estado. Quanto ao retorno dos investimentos por meio dos lucros da atividade, esse é um pressuposto legítimo e necessário, considerando que toda atividade empresarial que não produz lucros tende à falência, causando prejuízos não somente aos acionistas, más aos trabalhadores e suas famílias e à própria sociedade. Diria mesmo, que o capital industrial tem, por natureza e característica, uma visão de longo prazo; ao contrário do capital financeiro especulativo; este sim, é volátil e imediatista.
LP - Qual a relação, que tipo de parceria existe entre a FIEB e os programas de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo?
FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - A FIEB mantém permanente diálogo e realiza formas diversas de cooperação com as atividades e programas da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, além de apoiar as indústrias na captação de recursos públicos destinados ao desenvolvimento tecnológico, operados pela FAPESB, bem como, pela FINEP, que é federal. Também estamos trabalhando em conjunto para definirmos um modelo de cooperação no âmbito do Parque Tecnológico do Estado da Bahia.
LP - O empresariado baiano está se preparando para ter compromisso com o que diz, propaga, divulga no marketing de suas empresas com relação à sustentabilidade? A FIEB  acha que  há espaço para denunciar e mostrar a diferença entre o que se diz, que faz, e o que realmente está, ou não, sendo feito?
FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - O Sistema FIEB não é uma entidade fiscalizadora das indústrias; seu papel, já explicitado nas respostas anteriores, é a promoção da competitividade da indústria baiana e se realiza apoiado também na difusão de uma cultura orientada para a produção sustentável e a responsabilidade sócio-ambiental; sob esse aspecto específico, estudos têm demonstrado o crescimento dos investimentos da indústria na adoção de ISO’s, em tecnologias limpas e em ações de proteção ambiental, bem como, o aumento do quadro de profissionais com formação em engenharia ambiental. Agindo com esses propósitos, estamos também contribuindo para fortalecer a imagem da atividade industrial; da sua essencialidade na vida dos povos e da relação de confiança com a sociedade, que são condições fundamentais para a construção do desenvolvimento.
LP - Qual a importancia da Educação no salto qualitativo de autosuficiencia de mercados internos historicamente ocupados por mão de obra estrangeira?
FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - Aqui, você vai me permitir discordar da afirmação de que o mercado interno de mão-de-obra qualificada é ocupado por estrangeiros. O Brasil tem mecanismos legais de proteção ao trabalhador nacional; o que ocorre atualmente é uma demanda por profissionais de elevada qualificação, cuja oferta interna não tem sido capaz de atender. Isso ocorre principalmente com as atividades ligadas às engenharias e às chamadas ciências duras; tal situação resulta de insuficiente formação de engenheiros e profissionais das ciências exatas pelas nossas Universidades. Enquanto no Brasil, apenas 5% dos que concluem cursos universitários, formam-se em engenharia e apenas 6% em ciências exatas; a média mundial entre os países de economia de base industrial é de 20%, na Alemanha de 31% e na China, de 39%. Portanto, precisamos de muito mais profissionais dessas áreas, não somente para atender a demanda atual decorrente do ciclo de expansão da economia brasileira, mas, para dotar o Brasil de um esteio técnico-científico nacional que permita à nação o domínio das tecnologias e das ciências do futuro.
LP - Questão aberta, para o que for necessário.
 FIEB/Reinaldo Dantas Sampaio - Apenas agradecer o privilégio de ser ouvido por um núcleo de (in)formação da nossa egrégia Universidade Federal da Bahia
Liliana Peixinho * - Repórter Especial Meio Ambiente e Sustentabilidade

domingo, 5 de junho de 2011

Desafios para novas pautas na Comunicação, Ciência e Politica

Entrevista a Liliana Peixinho
27/05/11

Desafios para novas pautas na Comunicação, Ciência e Polîtica

 Por: Joseanne Guedes

 Jornalista e pesquisadora independente, a ativista ambiental Liliana Peixinho fala sobre as novas pautas da Comunicação e Sustentabilidade, baseada no que ela chama de “Cadeias Produtivas Sustentáveis/Harmoniosas de Ponta a Ponta”.
 A fundadora do movimento Amigos do Meio Ambiente (AMA) e da RAMA – Rede de Articulação e Mobilização Ambiental, revela os desafios encontrados pelos jornalistas na cobertura das pautas científicas; mostra as dificuldades do mercado em aliar interesses empresariais com a questão ambiental; destaca o papel da Academia, da Ciência e de cada um de nós, na construção de um novo modelo de Vida.

 JOSEANNE GUEDES - De que maneira o jornalista pode dar vazão à pesquisa científica sem incorrer em equívocos ou, até mesmo, parecer mera reprodução do discurso científico? Liliana Peixinho - Estabelecendo com a fonte uma relação de exigência e transparência, para socializar boas informações em nome da garantia da Vida, com qualidade.
Não esconder informações ou publicá-las, como um papagaio, sem o questionamento necessário ao trabalho de qualquer jornalista sério: saber apurar e contextualizar. Perceber, investigar e denunciar o lado podre, que envergonha, descredibiliza e empobrece, a própria Academia. JG - Como jornalista, de que forma os seus textos, publicados em diversas mídias especializadas, como Agencia Envolverde, Rebia, Mundo Sustentável, Mídia Etica, entre outras, podem contribuir para a reflexão e questionamento sobre as relações do homem com a natureza?

 LILIANA PEIXINHO - A pauta ambiental mudou muito, nas ultimas décadas, e está a nos exigir uma visão de mundo profunda sobre o que é preciso para preservar a Vida, com a qualidade e prazer que merecemos. Assim, em meus textos procuro dar atenção a pequenos e importantes detalhes.
Considero importante não reproduzir modelos de comportamento que reforcem a ação humana perversa, degradadora, consumista/impulsiva, pois nessa visão profunda, transversalizada, conectada com os problemas que estamos a combater, precisamos estar atentos às soluções, que existem, e só precisam ser realizadas.

Isso exige esforço, trabalho, mudança de comportamento, sacrifícios, civilidade. E a informação direcionada a essa mudanças é o único instrumento possível para construímos o que chamo de Cadeias Produtivas Sustentáveis de Ponta a Ponta, ou seja, produtor e consumidor sintonizados com as limitações e exigências da grande matriz: Natureza.
Esse não é um discurso que separa Economia de Política, Política de Cultura, Cultura de Comportamento, Comportamento de Natureza, Natureza de Homem. Todos estão muito juntos, numa teia de conexões com “vias de mão dupla”, como diz o Vilmar Berna, da Rebia. Veja como os anúncios publicitários exploram bem a estética da Natureza bela, para seduzir e enganar: Entre o que é dito e o que, de fato, está sendo feito, tem muitas mentiras e erros.

Expressões como sustentável, por exemplo, perde seu valor quando constatamos que no Brasil o Congresso Nacional acabou de aprovar um Código Florestal onde o agronegócio, que pinta nossas florestas de branco, com a boiada nos pastos, e a monocultura de soja, por exemplo, é prioridade para o saldo da balança comercial, e commodities levam nossas riquezas em troca do lixo dos produtos chineses, que invadem nossas casas, de norte a sul.
Nesse modelo os desafios aumentam/complicam para as futuras gerações.

JG - De que maneira você atua na área? Como é o seu trabalho como jornalista, ativista na área socioambiental?

LP - Minha atuação é livre e colaboro com diversas mídias especializadas em Comunicação e Sustentabilidade.
A idéia é construir novos caminhos para a pauta de Sustentabilidade na Bahia, no Nordeste, no Brasil. Depois que voltei da Europa, onde fiz vários contatos com movimentos socioambientais, criei os Movimentos AMA (Amigos do Meio Ambiente) e a RAMA (Rede de Articulação e Mobilização Ambiental) que têm esse papel de difundir a informação nas redes sociais, nas palestras e oficinas Brasil afora, para que a gente possa refletir sobre o lugar do jornalista nessa pauta, que a cada dia se revela mais desafiadora. Entre as redes estão a REBIA, RBJA, REBEA, uma das integrantes do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20.

Estamos dando apoio, divulgando e participando de ações que possam fortalecer o evento onde vamos apresentar propostas para as ações junto às organizações da sociedade civil e movimentos sociais e populares de todo o Brasil e do mundo até junho de 2012. Está sendo chamado de Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, e é paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD).

Entre as propostas do AMA e da RAMA estão as campanhas: SEJA UM AMIGO DO MEIO AMBIENTE - CONSUMA CONSCIENTE, AGENDA DOMESTICA AMBIENTAL, Pacto das donas de casa, empresas e instituições para coleta seletiva/produtiva em apoio ao catador, como ação proativa para o Consumo Consciente, Adoção da Cultura dos 7Rs - Racionalizar, Reduzir, Repensar, Recriar, Reaproveitar, Repartir, Revolucionar e Desperdício Zero = Lixo Zero = Saneamento Dez = Saúde Mil . Todas com agregação em aproveitamento integral de alimentos para segurança alimentar, cultura de prevenção e construção de cadeias produtivas sustentáveis de ponta a ponta, para o comércio justo, contra a exploração do trabalho, pela valorização de potencial rural, com inclusão social e bem viver em harmonia com a matriz mãe: Natureza.

 JG - E na Academia, quais são suas propostas?

LP - Minhas ações, trabalhos, pesquisas, são direcionadas para novas pautas socioambientais. Na Faculdade de Comunicação da UFBA, todos os meus estudos são voltados para COMUNICÃO E MEIO AMBIENTE, alguns com foco especial em comunidades tradicionais, no resgate e valorização dessas culturas como base de preservação da nossa ainda, mega Biodiversidade. Percebo uma grande desconexão política e empresarial e mesmo comunitária na valorização de territórios indígenas, quilombolas, fundos de pasto, artesãos, pescadores, agricultores familiares, base da identidade brasileira O olhar estar sempre voltado para a reversão da miséria e injustiça social, já que pesquisas dão conta que sete bilhões de seres humanos vivem hoje as sequelas da maior crise capitalista desde a de 1929.
Problemas muito sérios como desproporção e desigualdade social, com pobreza extrema. Reflexo de um sistema de produção, puxado pela Revolução Industrial, onde consumo desmedido, em larga escola, ficou sem questionamentos, impulsionada, imposto mesmo, de forma perversa, pelas grandes corporações, mercados financeiros e políticas paradoxais, desconexas com a realidade da maioria, que ainda é pobre. Governos asseguram a manutenção de um sistema injusto, excludente, violento. Nessa linha, produzi trabalhos como Protagonismo Indígena Sustentável x Discurso Político Marketeiro, Reforço Midiático do Discurso Governamental da Política de C&T, Discurso Político da Saúde Pública Brasileira e Revelações da Mídia sobre Descasos e Mortes Cotidianas, entre outros, sempre voltados para as novas pautas ambientais.

JG - Qual foi a pauta mais difícil que você já realizou na cobertura de C&T?

LP - Penso que não existe pauta difícil ou fácil, existem perguntas e respostas conectadas, ou não, com os interesses e necessidades dos cidadãos comuns. Se formos críticos, éticos e comprometidos com as mudanças que a Ciência pode favorecer para melhorar a Vida neste planeta, sedento de cuidados, qualquer que seja a pauta saberemos conduzi-la junto às fontes para extrair o que de melhor a pesquisa descobriu em favor da Vida, com qualidade, equidade e justiça. Mas, tenho dificuldade em extrair dos pesquisadores, de forma geral, respostas sobre por que a Ciência anda tão distante da melhoria da qualidade da vida da maior parte dos habitantes da Terra. Isso incomoda a Academia. JG - Como funcionam as pressões nas redações em relação à cobertura de assuntos polêmicos? Como aliar interesses empresariais com a questão ambiental?

LP - Quem segura o jornal é a publicidade. Quando algum conteúdo jornalístico não corresponde aos interesses de grupos políticos, empresariais que anunciam no veículo, a coisa complica. Mas, o caminho está sendo construído. Há jornalismos que conseguem driblar, de uma maneira sutil. É óbvio que os interesses empresariais divergem das prioridades da pauta ambiental. A sustentabilidade é visível apenas no discurso. Na prática, as empresas depredam o meio ambiente, e “compensam” com algum projeto social. No entanto, aliar esses interesses com a questão ambiental é perfeitamente possível quando o jornalista tem o compromisso de apurar se o que está sendo dito equivale à realidade do que está ou não sendo realizado.

JG - Como priorizar a independência, a ética, a transparência e, ao mesmo, preservar seu emprego? 

LP - Muito difícil! Porque as mídias especializadas não valorizam o trabalho dos colaboradores, dos jornalistas especializados. Aqueles que se aventuram a gerir seus próprios veículos, blogs, revistas, jornais, sites, ou bancam seus projetos ou subvertem o projeto original em nome de um capital que não acompanha o mesmo ritmo, passando a ditar as regras. Mas, o caminho está sendo construído. Em outubro, dias 12, 13, 14 e 15 teremos o IV Congresso Brasileiro de Jornalistas Ambientais, e o Encontro da Red Latino-Americana de Periodismo Ambiental (REDCAL), a serem realizados no Rio de Janeiro. Organizado por jornalistas que tem compromisso com as novas pautas da sustentabilidade como Dal Marcondes, Vilmar Berna, e apoio de colegas de peso e de referência na área, como o André Trigueiro, da Globo News/Cidades e Soluções.

O evento está sendo coordenado pela RBJA - Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental, Associação Brasileira de Mídias Ambientais – ECOMÍDIAS, e pelo Instituto Envolverde. Estamos trabalhando na mobilização e articulação com os colegas para divulgar o congresso como evento importante, preparatório para a Rio +20, maior evento ambiental do planeta, desde a Rio 92.

O nosso maior desafio é convencer o empresariado no apoio para a montagem de uma estrutura que mobilizara cerca de 12 mil jornalistas, estudantes, professores, especialistas e profissionais ligados à Comunicação e Sustentabilidade, numa pauta que chama a Academia e o Mercado para as mudanças que a Vida estar a exigir. Mudanças que vão requerer a aplicação de novas e limpas tecnologias. Onde a Publicidade, por exemplo, mais do que produzir e veicular lindas inserções, possam comprovar o que diz que está sendo feito. Creio nesse tipo de compromisso do jornalista/comunicador. E que as mortes de ambientalistas, que vem sendo mostradas, possam dar lugar a notícias boas. Como a abertura e valorização desse mercado.

 JG - Muitas matérias se restringem a apresentar resultados, sem contextualização, ponderação sobre riscos... Quais os maiores desafios do profissional que cobre essa área?

LP - Estudar muito, ler sobre as diversas versões, tendências, correntes da Ciência, saber identificar os grupos de interesses x, y ou z, e não querer ser um mero cumpridor de pautas como instrumento de recado do patrão para garantir um empreguinho qualquer, numa redação desconectada com o seu papel de agente social de poder. Ou, se o jornalista/comunicador tem isso claro, e se sente bem em fazer de conta que não percebe o uso de determinada informação contrária a valores e princípios que defende, ai, infelizmente, continuaremos a ter desafios históricos básicos, como o combate a fome e violência dentro da nossa própria casa.

Liliana Peixinho é Jornalista, ativista ambiental, pós-graduada em Mídia e Meio Ambiente, colaboradora de mídias ambientais como: www.envolverde,com.br www.rebia.org.br www.amigodomeioambiente.com.br www.folhadomeioambiente.com.br http://movimentorama.blogspot.com, www.mundosustentavel.com.br http://lilianapeixinho.blogspot.com/ E-mail: lilianapeixinho@gmail.com

terça-feira, 31 de maio de 2011

PROTESTOS E AMEAÇAS NA SEMANA DE MEIO AMBIENTE

Em email recebido pela RAMA denuncia de que a Comunidade de Batateiras, no município de Cairu â Baixo Sul da Bahia, ontem pela manha foi mais uma vez invadida pelo suposto dono da comunidade ( como se intitula), deixando mais uma vez um rasto de terror, medo e uma sensação de fragilidade da comunidade, mais uma vez a liderança da comunidade foi ameaçada de morte, e a comunidade também ameaçada de mais uma invasão, segundo o invasor no dia 1º de junho. E segundo o mesmo não adianta a comunidade ir à procura da justiça, pois a justiça esta do lado dele, e que não adianta a comunidade esforçar-se para continuar na luta pelo direito ao seu território. Caros companheiros não podemos deixar nossos irmãos da Comunidade Quilombola de Batateira desamparados, e sem perspectiva de um resolução deste problema favorável a eles. Vivemos vários séculos sofrendo perseguições e injustiças, séculos de escravização e subordinação de uma classe que se diz majoritária e dominante. O movimento Quilombola no Brasil vem crescendo significativamente, isso representa que estamos nos unindo e fortalecendo nossos laços de irmandade, união, isso significa que estamos ganhando força. E isso também significa que estamos caminhando por um caminho correto.Nossos irmãos de Batateiras, estão precisando do nosso apoio, e não devemos negar a eles esse apoio, temos que mostrar para essas pessoas que nós quilombolas não estamos sozinhos, e que não somos poucos, por isso vamos somar esforços para juntos resolvermos essa grande problema.Pra tanto, gostaríamos que o CEAQ-BA Consaelho estadual das Associações e Comunidades Quilomblas da Bahia, articulasse junto com a SEPROMI, INCRA, CONAQ, CDCN, Ministério Publico e outros órgãos competentes, para de imediato tomar as devidas providencias.Vamos fazer uma mobilização para irmos até a comunidade, para que a sociedade e principalmente O Sr. Maneca Ché veja que a comunidade de Batateiras não está só, e que tem irmãos que fazem questão de brigar por eles e estão para o que der e vier. VAMOS LUTAR JUNTOS. VAMOS VENCER JUNTOS. "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar." Nelson Mandela. Contatos com: Marcio Raimundo da Conceição ( Márcio Negão) Tel.: (73) 32526-3262/99465597/81411430 skype: marcionegao73 Email's: marcioraimundo@itubera.ba.gov.br, marcionegao2@gmail.com marcionegao2@oi.com.br.

AMEAÇA SEM PROTEÇÃO NO QUILOMBO BATATEIRA

Batateira, Quilombo situado numa ilha no município de Cairu BA, tem passado nos últimos dois anos por momentos de terrorismo por um pseudo fazendeiro que se diz dono da terra. As ameaças continuam e a comunidade pede socorro! Por: Ascom Rede Mocambos, 30 de maio de 2011 Sequencia das imagens: 1.Casa destruída nos ataques, 2. Defensor Público ouvindo a Comunidade, 3. Comunidade reunida A comunidade quilombola de Batateira, localiza-se na Ilha de Tinharé, nas proximidades da Vila de Garapuá e pertence ao município de Cairu. Como trata-se de uma ilha a natureza de sua área é de responsabilidade da União. Os moradores que ocupam essa área estão ali há mais de 100 anos. Tendo toda a ancestralidade comunitária e de parentesco reconhecida pela Fundação Cultural Palmares. Trata-se de uma comunidade de cerca de 30 famílias que sobrevivem em situações precárias, em casas em sua maioria de taipa, palha e madeira. Na comunidade não tem energia elétrica e é desprovida dos principais serviços básicos que qualquer cidadão tem direito O Conflito nessa comunidade começou em 2009, quando houve a mobilização de pedido de reconhecimento quilombola pela comunidade com freqüentes visitas à comunidade e com seguidas ameaças do Sr Manoel Palmas Ché Filho, filho do ex-prefeito de Cairu. Em maio de 2010, o conflito teve início quando numa visita do "Maneca Ché", como é conhecido, mais cinco policiais fardados e outros homens, todos armados com armas de fogo, diziam ter mandato judicial para estarem ali, além de reforçar as ameaças derrubaram o pier que a comunidade usava como embarque e desembarque. Foto de Manoel Che na Audiencia Pública Depois que a Fundação Palmares expediu a certidão quilombola à comunidade, os seus moradores voltaram a receber novas ameaças, foi quando em 09 de setembro de 2010, Manoel Che Filho invadiu a comunidade com mais 12 homens, entre eles 3 policiais a paisana. Eles chegaram às 7h da manhã e ficaram até às 15h. Nesse periodo de 8h que permaneceram na comunidade, derrubaram mais 3 casas, atiraram várias vezes pra cima, colocaram revolvers na cabeça de mulheres e adolescentes, xingaram os moradores, colocaram a liderança da comunidade Claudeci numa roda com 12 homens e bateram no seu rosto, ameaçando sua vida, na frente das crianças da comunidade, inclusive seu filho de 5 anos, que tem demonstrado traumas de ter presenciado a violência com sua comunidade e sua família. O comandante da Polícia Militar de Valença, major José Raimundo Carvalho Pessoa, esclareceu que a atuação ilegal de policiais militares que deram apoio ao "Maneca Che", correu à revelia do Comando da 33ª Companhia Independente da Polícia Militar de Valença. Em depoimento, os policiais denunciados negaram a participação no caso denunciado e recorreram ao direito de falar somente em juízo e na presença do advogado. Não se tem informação que o processo judicial foi aberto. Em outubro de 2010 foi realizada uma audiência pública organizada pela SEPROMI, que teve como objetivo de ouvir, avaliar e traçar estratégias para solucionar os sucessivos conflitos ocorridos na Comunidade de Batateira. Participaram da audiência autoridades, o pseudo fazendeiro Maneca Che e seus representantes, a sociedade civil representada pelos movimentos de pescadores, Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra, o Conselho Pastoral da Pesca, Quilombolas de outras regiões, Representantes do INCRA, DPE, SPU, Governo do Estado, Prefeitura de Cairu e etc. Há poucos dias, as ameaças retornaram, o pseudo fazendeiro insiste que vai voltar na comunidade e derrubar o resto das casas, a liderança da comunidade vem sendo seguida e ameaçada de morte, as famílias estão apavoradas. Não existe nenhum advogado assistindo a comunidade, o que gera uma preocupação ainda maior. No último Sábado dia 28 de de maio, o Sr. Manuel Che voltou à comunidade com mais 7 homens, voltou a fazer ameaças, alegou ter ordem judicial para não permitir nenhuma construção mais naquela ilha (mas não mostrou o documento), o que resultou na derrubada de mais uma casa na comunidade e a ameaça que ele estaria voltando com um grupo de criminosos para aterrorizar e levar tudo abaixo nos próximos dias. As famílias, em especial as crianças, estão apavoradas. A polícia, apesar de acionada durante nova invasão, só apareceu na comunidade horas depois e em nenhum momento consegue gerar nenhum tipo de proteção à mesma, todos os indícios e o histórico desses dois anos revelam na verdade uma polícia comprometida com a ação criminosa do pseudo fazendeiro, até por que, nenhum criminoso age tão abertamente como esse senhor, sem sofrer prisão preventiva, se não tiver uma cobertura, ou no mínimo uma escancarada omissão da polícia com o caso. Esse breve texto tem como intuito chamar a atenção dos organismos e instituições estaduais, nacionais e internacionais a respeito da proteção dos direitos humanos, dos direitos das crianças e dos adolescentes, dos afrodescendentes em suas comunidades quilombolas e dos direitos das mulheres, assim como o apoio de diferentes tipos de mídias que possam colaborar com o apoio à comunidade: A comunidade de Batateiras no município de Cairu Bahia não pode ficar sem assistência jurídica! Um criminoso que faz abertamente esse tipo de ação, deve ter imediatamente sua prisão preventiva efetuada, assim como os seus comparsas! A justiça e a segurança pública precisam funcionar! A Segurança Pública não pode estar a serviço de criminosos e gananciosos e precisa se comprometer com a proteção dessa comunidade! Não se pode esperar que mais lideranças padeçam a espera de uma ação efetiva! O INCRA precisa agilizar o processo de Titulação, Identificação e Demarcação das terras Quilombolas e em especial às comunidades que estão em processo de conflito. Conselho Quilombola do Estado da Bahia Rede Mocambos - Núcleo de Formação Continuada do Sul da Bahia

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Bahia aprofunda diálogo entre Ciência e divulgação científica

Por : Liliana Peixinho * Capa do livro Publicação aprofunda olhar sobre o papel da Ciência e sua divulgação como instrumento de democratização do saber A Bahia lança dia 29 de abril, às 18.30 hs, no Auditório da Escola de Administração da UFBA, em Salvador, a publicação “Diálogos entre Ciência e Divulgação Científica. O livro, parceria entre os pesquisadores Simone Bortoliero, Cristiane Porto e Antonio Brotas, da Facom - Faculdade de Comunicação da UFBA, apresenta proposta de olhar a Ciência e sua divulgação através de um canal de socialização de idéias, identificação de demandas reprimidas na área, para a democratização de informações academicas, laboratoriais e de campo, aprofundando o papel social da Comunicação. A publicação, cujo titulo completo é “Diálogos entre Ciência e Divulgação Científica: leituras contemporâneas", condensa trabalhos com pautas que vem sendo discutidas em cursos de diversas universidades como a UFBA, onde em 2010 foi iniciada a especialização em Jornalismo Cientifico e Tecnológico, na Facom- Faculdade de Comunicação, coordenado por um dos autores do livro, a professora doutora Simone Bortoliero. Os três parceiros da obra também atuam no curso de Jornalismo Cientifico da Facom., que apresenta um quadro de professores renomados Brasil afora. Os autores reforçam, em seus artigos científicos contidos na obra, a necessidade de aprofundamento do debate sobre o papel da ciência e os caminhos e desafios para a divulgação do que está sendo produzido, pesquisado, descoberto, para ser socializado e absorvido pelo público como instrumento de poder, de transformação e de formação da cultura científica na Bahia, no pais. Palestrante e convidados O linguista Carlos Vogt, coordenador do Labjor -Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo - Unicamp, é convidado especial para a palestra: “ Ciência, Divulgação, Futebol e Bem-estar Cultural”. O professor Vogt foi diretor da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Alem dos autores do livro estarão presentes, também, a jornalista Graça Caldas, professora-pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da (UMESP) e atuação destacada em veículos de comunicação nacional como Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil e TV Globo. Os alunos do curso da Especialização Jornalismo Científico e Tecnológico da Facom. UFBA, em sua maioria, jornalistas, estarão na platéia para o debate com os especialistas da mesa. SERVIÇO Lançamento livro: “Diálogos entre Ciência e Divulgação Científica: leituras contemporâneas" Data - “Data: 29 de abril Horário – 18.30: Local: Auditório da Escola de Administração da UFBA- . Campus do Vale do Canela – Salvador- BA Contatos: (71) 9984-2956 / 9984-2956 / 9984-2956 ou 31762299 / 88525301 * Liliana Peixinho – Jornalista DRT 1.430 - Aluna colaboradora da Agencia de Notícias do Curso de Jornalismo Científico e Tecnológico - Facom - UFBa lilianapeixinho@yahoo.com.br 71 - 9938-0159

domingo, 20 de março de 2011

RAMA- Rede de Comunicação e Mobilização Ambiental: REDE WIN DISCUTE, NA BAHIA, CAMINHOS PARA PROJEÇÃO...

RAMA- Rede de Comunicação e Mobilização Ambiental: REDE WIN DISCUTE, NA BAHIA, CAMINHOS PARA PROJEÇÃO...: "Associações, empresas, artistas, autoridades e profissionais se reúnem, no CDL – Salvador, dia 23, 18 hs, para discutir o protagonismo da m..."

REDE WIN DISCUTE, NA BAHIA, CAMINHOS PARA PROJEÇÃO MUNDIAL DO PROTAGONISMO FEMININO BRASILEIRO

Associações, empresas, artistas, autoridades e profissionais se reúnem, no CDL – Salvador, dia 23, 18 hs, para discutir o protagonismo da mulher brasileira no contexto mundial

A organização americana The W.I.N. (The Women International Networking (A Rede Internacional de Mulheres), www.InternationalWomensDay.org/176countries) dá início a suas atividades no Brasil no dia 23 de março com a realização do evento: Comemoração do Centenário do Dia Internacional da Mulher, no auditório do CDL, Rua Carlos Gomes, a partir das 18 hs, em Salvador, Bahia.

                                                                            Liderança brasileira              
                                                                              
                                                                                Diretora Lygya Maya

                      

Liderado, no Brasil, pela diretora Lygya Maya; especialista em treinamento humano, ela informa que diversos eventos como este, a ser realizado na Bahia, estão sendo promovidos em outros países,.com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da estrutura social e emocional das mulheres no mundo todo. “Este é o maior evento na história da humanidade realizado por mulheres, para mulheres.” diz a diretora da WIN, no Brasil.

Mulher brasileira no mundo

 Com o tema “A mulher brasileira no mundo” a proposta, conforme a WIN, é caminhar para a consciência global. ” Focando em nós como um todo, acreditamos que, unidas  e apoiando uma as outras, a força positiva feminina se fortalecerá e ajudará o equilíbrio do planeta, assim como da humanidade”, reforça a diretora Brasil. Durante o evento debates sobre temas ousados e  cotidiano :“Como a mulher brasileira pode se posicionar no mercado internacional? Como alcançar nossos sonhos de uma maneira simples, que funcione? Como descobrir novas opções que estão ao alcance de nossas mãos e nunca aprendemos a usar?Alguém sabe dizer quem foi  que disse que “mulher é o sexo frágil?  Será que foi um homem ou uma mulher? No Brasil ainda existe um número vergonhoso de mulheres sendo abusadas, desrespeitadas, e subjugadas. Porque? Qual seria a raiz do problema?

 Mobilização em todo o planeta

Presidida por Paula Fellingham, a organização The W.I.N. (Rede Internacional de Mulheres) foi criada nos Estados Unidos com centenas de especialistas em várias profissões em todo o mundo com objetivo de promover as ações e direitos das mulheres em todos os países através de conferências, artigos, reuniões on-line e seminário. Considerada a pioneira em rede social de mulheres no mundo ao criar uma comunidade global que apoia mulheres em suas vidas pessoais e em seus negócios, a equipe de The W.I.N. está se multiplicando em muitos países e chega ao Brasil em 2011.

A diretora brasileira da WIN, Lygya Maya, é autora de livros e artigos sobre comportamento humano, palestrante e motivadora internacional. Única brasileira coach (treinadora) no mundo que combinando técnicas de coach americano, com poderes intuitivos para o sucesso do desenvolvimento humano. Foi palestrante da empresa de Anthony Robbins nos EUA, onde viveu por 29 anos e agora volta ao Brasil. Mencionada nos jornais The New York Times, revista Vanity Fair, TV Fox News, CBS, NBC e PBS e é autora do livro virtual Ame as Emoções que Você Odeia.  www.lygyamaya.com.br

 Representação política e empresarial  

 Para o evento em Salvador, foram convidadas para fazer parte da banca de debate Maria Luiza Bairros, ministra da Secretaria de Igualdade Racial; Alice Portugal, deputada federal, Fátima Mendonça, primeira dama do estado da Bahia e presidente das Voluntárias Sociais da Bahia; Rita Santos, presidente da Associação das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares do Estado da Bahia (Abam); Fabíola Mansur, vice-presidente do Instituto Sócrates Guanaes; Beatriz Lima, coordenadora geral do Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador; e Rosemma Maluf, diretora da Associação Comercial da Bahia. Receberão certificados de contribuição para diversas áreas da sociedade a primeira dama do Estado da Bahia  e Presidente das Voluntárias Sociais da Bahia, Fátima Mendonça; a diretora do grupo Filhas de Ghandi por 25 anos, Gliceria Vasconcelos, entre outras expoentes da sociedade baiana. A cantora Carla Visi fará um apresentação para os presentes.

 Criatividade sustentável

De forma inédita, criativa e sustentável, viabilizam o evento na Bahia, para Comemoração do Centenário do Dia Internacional da Mulher, instituições, empresas e profissionais como: Fórum Municipal para o Desenvolvimento Sustentável do Centro da Cidade; Manchete Editorial Comunicação, Associação dos Empresários da Cidade Alta de Salvador; Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL); BASEFORTE; Instituto Bom Aluno da Bahia (IBABA); AG Perfumes; Fotografia e Interior Designer Isabela Jambeiro; Assessoria e Consultoria em RSA Jornalista Liliana Peixinho, Restaurante Viva o Grão!; Mercado Natural Grão de Arroz; Brade Comunicação; Turcoop., RAMA – Rede de Articulação e Mobilização Ambiental, Movimento AMA – Amigos do Meio Ambiente,

SERVIÇO

Comemoração do centenário do Dia Internacional da Mulher – evento gratuito

Data: 23 de março de 2011

Horário: das 18 horas às 20 horas

Local: Rua Carlos Gomes, 1063 Edf CDL 7 andar, Dois de Julho – Salvador – BA

Público-alvo: mulheres de todas as idades

Reservas e informações: lygyam@hotmail.com

                                    Informações – Comunicação – Bahia

l RAMA – Rede de Articulação e Mobilização Ambienta
Coordenação Comunicação - Bahia- Liliana Peixinho - DRT 1.43 .
Jornalista, consultoria/assessoria projetos de Comunicação Socioambientais

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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

As pessoas mudam? O mundo muda?

A formação do profissional em comunicação ambiental

“Sustentável é, é uma ova, e estamos aqui para mostrar porque não é”.


Texto : Liliana Peixinho
Fotos: Paula Boaventura
Não é correto, do ponto de vista da informação com credibilidade, usar o termo sustentável como adjetivo de tantos empreendimentos imobiliários, bancos, postos de gasolina, supermercados, companhias petrolíferas ou de mineração, dizendo que é sustentável. É é uma ova. E ai a gente está aqui para dizer porque não é. E esse debate é muito rico e fecundo.
“Cada um pode contribuir para um novo modelo de desenvolvimento”
Dom, 13/12/10 por Liliana Peixinho
Em uma entrevista exclusiva, na Bahia, o jornalista, escritor e professor André Trigueiro, idealizador do Programa “Cidades e Soluções”, apresentado na Globo News e Canal Futura, fala sobre Ciência para que, para quem e por que?, critica práticas empresariais ditas sustentáveis, sem ser. Comenta a proposta de criação de um movimento em favor da retirada sustentável dos recursos, respeitando a capacidade de suporte dos ecossistemas”, defendido durante a Conferencia de Nagoya. Considera que no jornalismo, na comunicação “ é preciso que cada um, com suas ferramentas metodológicas, com sua visão de mundo, possa contribuir para um novo modelo de desenvolvimento”. Que entende jornalismo como duas frentes de trabalho que não se excluem, pelo contrário, são complementares: denunciar o que esta errado, sinalizar os rumos, as saídas, as alternativas, opções inteligentes em favor da vida.
André Trigueiro e Liliana Peixinho conversam sobre Ciência, Politica, Meio Ambiente, Religião, Midia e o papel de cada um na preservação da Vida.
Como pessoa e profissional antenado mostra-se otimista ao considerar que “Estamos hoje melhor do que já estivemos, em todos os aspectos: espaço ocupado na mídia, qualidade das pessoas que estão fazendo uso da palavra e da escrita para expressar o que é a noticia. E estaremos, no futuro, se Deus quiser, melhor do que estamos hoje. Mas capacitados para falar desses assuntos com a sua devida ordem de grandeza”.
Condenou determinadas práticas midiáticas ao dizer que “sensacionalismo não combina com jornalismo ético, e de credibilidade”. Com uma visão de mundo moderna, com práticas pessoais internalizadas, usando roupas simples, como uma bata de algodão durante palestra realizada em Salvador, a convite da Sociedade Espírita “O Semeador”, André mostrou todo o tempo um semblante tranquilo, e usou o humor crítico, irreverente e inteligente para criticar ou fazer observações sobre comportamentos de consumo (eu só uso álcool no carro, não quero nem ver o preço). Observei muito shoppings Center em Salvador. Levando o público ao delírio, arrancando muitas risadas o recado foi sério “ Não é possível mais nos acostumarmos ou introjetarmos na nossa cultura certos hábitos, comportamentos, ou padrões de consumo, que são potencialmente danosos à vida”.
Com tapa de luva condenou o falso discurso de grandes corporações ao dizer “ Não é correto, do ponto de vista da informação com credibilidade, usar o termo sustentável como adjetivo de tantos empreendimentos imobiliários, bancos, postos de gasolina, supermercados, companhias petrolíferas ou de mineração, dizendo que é sustentável. É é uma ova. E ai a gente está aqui para dizer porque não é. E esse debate é muito rico e fecundo.
Questionado pela colega jornalista sobre que modelo estamos a perseguir, construir. O professor Trigueiro foi taxativo “ Esse modelo não existe. E o grande desafio é esse. A gente está tendo que trocar o pneu da bicicleta com a bicicleta andando. A gente não tem esse modelo, estamos descobrindo, fazendo”.
O jornalista foi implacável ao defender o papel profissional: “a gente precisa ter coragem e compromisso em denunciar, em mostrar o que realmente está sendo feito e o que se diz que esta sendo feito”.
E foi realista ao explicar que um novo modelo de desenvolvimento para o planeta não se faz dizendo: “agora vamos acabar com a sociedade de consumo, vamos acabar com a banalização na compra de supérfluos e vamos ter aqui valores altruístas, humanitários, coletivos, socioambientais. Não é assim”. Considera, nesse contexto: “Importante incomodar esse poder dominante. Estamos falando de uma classe política e de uma classe econômica que complementam ou consensuam que não há propriamente algo a ser mudado no que esta ai”. O professor, que criou o primeiro curso de Jornalismo Ambiental na UFRJ lamentou que “A academia hoje não esta preparando economistas para o século XXI. É preciso pensar nisso. São exceções a regra como Eduardo Giannetti da Fonseca, Jose Eloy da Veiga, Sergio Besseman, são alguns nomes de pessoas que estão contra a maré”.
Sobre a presença de uma mulher Dilma Rousseff , de uma presença feminina na presidência do Brasil, comentou ” acho que você pode ser um homem muito sensível, com uma visão feminina prevalente de mundo e de valores e de atitudes, e você pode ter uma mulher legítima representante da sociedade patriarcal”. E torce para que a Dilma possa ter uma nova visão de gestão para o Brasil.
Quanto aos 20 milhões de votos conquistados pela candidata Marina André Trigueiro disse: “ Marina foi o novo. E o novo em que sentido? No sentido dela estar muito bem embasada, muito bem acompanhada. Foi a única candidata das quatro candidaturas mais experientes, a apresentar um programa de governo detalhado e consistente. Portanto, o que ela estava falando estava lastreado em compromisso por escrito. Algo que os dois candidatos não fizeram. E um discurso muito sedutor”.Com visão política avançada, independente, e desejando novas perspectivas de avanço no discurso e práticas sustentáveis projetou desejos: “Eu torço para que nas próximas eleições nem o PV e nem a Marina sejam os únicos porta-vozes desse discurso.
“ Entendo jornalismo como duas frentes de trabalho que não se excluem, pelo contrário, são complementares: denunciar o que está errado, sinalizar os rumos, as saídas, as alternativas, opções inteligentes em favor da vida”.
Criador e apresentador do “Cidades e Soluções,” programa que ousa e tem compromisso com a Ecocity ,André disse que “ entendo que nós temos no Brasil a necessidade de se ver balizar um novo modelo de desenvolvimento. E um pais com a nossa configuração tem toda capacidade de construir, que seja realmente colocando a sustentabilidade como o eixo motivacional. Não é um adereço, não é uma variável digamos um tanto distante do desenvolvimentismo, mas é tão importante quanto produzir riqueza, tão importante quanto gerar emprego e renda, é que essas políticas públicas não onerem o passivo ambiental do Brasil, pense um Brasil futuro numa escala de 50 a 100 anos quando a gente fala de matriz energética; que pense em Educação de forma integral”.
Para entender a tranquilidade, o jeito doce e equilibrado de um jornalista que vive no mundo, cobrindo meio ambiente de forma transversalizada foi necessário saber um pouco mais da intimidade dessa pessoa. E descobrimos um lado que poucos sabem, conhecem desse jornalista ultra respeitado e com trabalho sendo referencia para outros jornalistas. O lado espiritual totalmente integrado com o seu jeito transparente de ser. Disse ele:” se eu bem entendo o significado do discurso religioso é de nos religarmos a uma força superior. Todas as religiões tentam nos transformar em pessoas melhores e promovem à vida, na sua plenitude. Uma religião que não seja sustentável é um paradoxo terrível” Com uma visão muito avançada sobre Espiritismo ele foi fundo na história e nos ensinou que “é uma filosofia espiritualista que tem aspectos religiosos e trás nas suas informações básicas, e isso é interessante porque é uma doutrina que tem 150 anos, modernas assertivas que remetem a um mundo mais solidário e no uso dos recursos naturais, separa o que é necessário do que é supérfluo”.
Sincronizado com o discurso da sustentabilidade André explica que Espiritismo e Ecologia estão muito juntos já que “estaremos preocupados não apenas com os filhos e netos, estaremos preocupados com nós mesmos, quando nos afirmamos como reencarnacionistas. Quer dizer: a lei do retorno, que o budismo também preconiza, estabelece uma ética que não é só para com o outro, é também um legado que você deixa para você.
Provocado sobre o que acha dos cultos de fé cega, alienada e os perigos que isso representa ele foi, como sempre, muito civilizado: “O mundo é desigual em vários aspectos. Inclusive nas crenças. São questões da fé de cada um. Quem se identifica com um discurso mais radical, com dogmas rígidos, código moral secreto, que seja feliz assim. Cada um escolhe o seu caminho, ninguém é obrigado. Você busca o que você tem afinidade”. E finalizou sublimando e valorizando “a sinergia entre budismo, judaísmo e diferentes religiões cristãs. Eu sou um espirita, de família cristã, na busca de um mundo melhor e mais justo. De um mundo sustentável”.
-Veja o ping-pong na integra:
                                                   ”  Ciência pra que e pra quem, e por que?”
Liliana Peixinho – A gente acompanha o seu trabalho, como professor, escritor, jornalista, que dirige programas importantes em universidades, rádios, TVs, a exemplo do Cidade e Soluções, na Globo News, e observamos seu envolvimento, competência e compromisso com a grande pauta Sustentabilidade. E essa referencia, como pessoa, profissional, nos inspira, nos encoraja e nos mostra desafios e dificuldades para nossos estudos para um jornalismo ambiental, cientifico, ético, informativo, educativo. Nesse contexto, observamos algumas preocupações entre a Academia e o campo, com relação, por exemplo, ao papel da Ciência. Nesse contexto, como você vê o papel da Ciência na aproximação verdadeira do Homem com o Meio Ambiente, de corpo, espírito e cérebro, antenada com necessidades humanas que não façam da vida um sacrifício, uma carga pesada, mas um prazer?
André Trigueiro – Olha, eu não sei, propriamente se a Ciência poderia ser enquadrada, num nicho monolítico, assim. Você tem diferentes áreas de pesquisa, umas mais sensíveis à causa que você esta levantando, de humanizar as Ciências, a Ciência pra que e pra quem, e por que?. E uma Ciência uma pouco mais pragmática, que as vezes, por via não lineares, ajuda a gente, ou a humanidade, a prestar mais atenção no valor do meio ambiente, da natureza. Vamos dar o exemplo da recente Conferencia de Nagoya, em que pela primeira vez, se apresentou um estudo valorando os serviços ambientais. Por exemplo: quem fez esse estudo estava interessado em que? Em sensibilizar empresários para que corroborarem em favor de um tratado internacional em que se realizasse um movimento em favor da retirada sustentável dos recursos, respeitando a capacidade de suporte dos ecossistemas. Eu vi muita gente, muitos ambientalistas dizendo: mas é possível contabilizar, em valores monetários, quanto vale uma floresta, quanto vale os oceanos, os manguezais, coisa esquisita, economicista ao extremo. Sim, mas é uma contribuição importante para quem está absolutamente desconectado dessa realidade sensorial com o meio ambiente. Esse lado não mercantilista do uso dos recursos naturais comece a se dar conta de que há um limite, há um risco de colapso, sabendo usar não vai faltar, e que precisa sim estimar valores, e que seja por esta porta, por essa via, para que se tenha uma outra atitude em relação a natureza. Então, é preciso que cada um, com suas ferramentas metodológicas, com sua visão de mundo, possa contribuir para um novo modelo de desenvolvimento, que é o que interessa.
L.P – E, nessa contribuição, como você observa o papel do jornalista, nas seus mais diversos campos de atuação, na transversalizacão sobre a visão de mundo, para o resgate de valores humanos, espírito solidário, mudança de comportamento com relação ao consumo para um planeta mais cidadão? A academia, por exemplo, discute a necessidade ou não, de editorias especificas sobre Meio Ambiente, Ciência, defendendo a transversalização da informação em todas as editorias, seja em política, economia, esporte, cultura, onde o compromisso com a informação de qualidade possa agregar valores para uma concepção de mundo integrado, solidário, responsável. Então como você observa o compromisso do jornalismo com esse processo? Resgate de valores , de olhar o outro, de se espiritualize para ter a grandeza que o ser humano precisa ter para dizer que vive?
A.T – Eu entendo jornalismo como duas frentes de trabalho que não se excluem, pelo contrário, são complementares: denunciar o que está errado, sinalizar os rumos, as saídas, as alternativas, opções inteligentes em favor da vida. Então a gente nunca vai perder essa perspectiva de denunciar o que é irregular, como malversação de recursos públicos, desrespeito às leis, a presença de criminosos fortemente armados em comunidades de baixa renda, como é a realidade que estamos vivendo, hoje, no Rio. Esse tipo de denúncia faz parte da nossa agenda. Estaremos sempre abrindo caminho para dizer o que não funciona. E, um outro segmento, outra preocupação, que é sinalizar como perspectiva. Eu concordo com a tese de que a gente não precisa de uma editoria de Meio Ambiente. Eu não sou jornalista ambiental, isso me coloca num gueto que não me sinto confortável. A COP XVI, no México, em Cancun, por exemplo, é pauta de que editoria? De Internacional, Economia, Meio Ambiente, Política, ou de todas? De todas!. Então, é um processo. Estamos hoje melhor do que já estivemos, em todos os aspectos: espaço ocupado na mídia, qualidade das pessoas que estão fazendo uso da palavra e da escrita para expressar o que é a noticia. E estaremos, no futuro, se Deus quiser, melhor do que estamos hoje. Mas capacitados para falar desses assuntos com a sua devida ordem de grandeza.
LP – O tema, sustentabilidade teve uma abrangência, uma visibilidade muito grande, nos últimos anos, digamos, 10 anos, talvez. Mas, o termo sustentável ficou muito banalizado e assim, o discurso hoje é algo como: “não adianta eu separar o meu lixo em casa porque lá na porta a prefeitura não faz isso. É perda de tempo”. A imprensa, a sociedade, banalizou tanto, escandalizou tanto os problemas, de forma catastrófica, que é como se o povo estivesse anestesiado. Então, como é que a gente pode contribuir, como jornalistas, educadores, cidadãos, formadores de opinião, para termos uma visão de mundo com olhar integrado? Como podemos, digamos, não desbanalizar o termo sustentável, mas dar a ele a forca que ele precisa ter para se entender que não é o planeta que está se acabando, é a vida de cada um que precisa ser preservada. E de imediato?
“Com visão política avançada, independente, e desejando novas perspectivas de avanço no discurso e práticas sustentáveis Marina projetou desejos: “Eu torço para que nas próximas eleições nem o PV e nem a Marina sejam os únicos porta-vozes desse discurso”.
AT – Bom, em primeiro lugar, sensacionalismo não combina com jornalismo ético, e de credibilidade. Aonde há sensacionalismo há perda de credibilidade. Você atende a outros interesses que não o da informação correta. Agora, por vezes, a gente precisa ser alarmista. Eu não vejo uma conotação pejorativa no senso de urgência que algumas notícias precisam sinalizar em relação a inevitável mudança em favor da vida. Então, precisamos, por vezes, dar o alerta. A gente precisa deixar claro que não é possível mais nos acostumarmos ou introjetarmos na nossa cultura certos hábitos, comportamentos, ou padrões de consumo, que são potencialmente danosos a vida. Qual é a palavra chave para isso? É calibragem. E como se faz a calibragem num texto jornalístico, do que você precisa alertar sem desmobilizar as pessoas? Isso não é fácil explicar, é um trabalho do mestre cuca. A comida tem que ter aspectos nutricionais importantes, mas tem que ter sabor. Tem que equilibrar elementos. E isso não é fácil responder, não é fácil dizer como. Mas, eu estou aqui expressando uma vivencia . É um norte magnético para o meu trabalho. A outra questão: eu adoro a palavra sustentabilidade e acho que a gente tem o direito, tal qual se dá com o desenvolvimento sustentável, que não é um conceito fechado, de nos patrulharmos mutuamente para ver como se dá o emprego desses termos ou expressões no dia a dia zelando pelo seu sentido mais puro. Quer dizer, não é correto, do ponto de vista da informação com credibilidade, usar o termo sustentável como adjetivo de tantos empreendimentos imobiliários, bancos, postos de gasolina, supermercados, companhias petrolíferas ou de mineração, dizendo que é sustentável. É, é uma ova. E ai a gente está aqui para dizer porque não é. E esse debate é muito rico e fecundo. Eu usei a palavra pureza, mas não sou propriamente um purista. Mas eu acho que é gostoso viver numa sociedade onde a imprensa é livre, o MP atuante, onde se tem as organizações não governamentais, a Academia, empresas, Igrejas, governo, todo mundo dando pitaco sobre o que é sustentabilidade. E, dessa discussão, se me parece, a gente avança, a gente avança debatendo e reportando. Porque que o outro diz que o projeto dele é sustentável, talvez não seja e isso e bom, é saudável. Eu gosto disto. Acho bom.
 

” acho que você pode ser um homem muito sensível, com uma visão feminina prevalente de mundo e de valores e de atitudes, e você pode ter uma mulher legítima representante da sociedade patriarcal
 
LP – A comunicação, de forma geral, e a publicidade, em particular, parece ter absorvido, com muita competência, o discurso da sustentabilidade, mais em prol do que podemos chamar de Marketing Verde Vazio. E você falou, há um tempo ai atrás, no Observatório da Imprensa, que “a gente precisa ter coragem e compromisso em denunciar, em mostrar o que realmente está sendo feito e o que se diz que esta sendo feito”. Nos temos muitos embates no curso de Jornalismo Cientifico da Facom- UFBA, coordenado pela jornalista, professora Simone Bortoliero, onde ela convida diversos colegas jornalistas de todo o Brasil para vir a Bahia socializar informações conosco e onde estamos sempre a nos questionar como podemos integrar a Comunicação, principalmente, a publicidade, num discurso que seja harmonioso, por que a mesma competência que a publicidade teve para incorporar um discurso de marketing verde vazio , mas convincente, sedutor com o consumidor, o jornalismo, nos parece, não está tendo, para que possa ser um canal realmente educativo, informativo e que faca o pulo da mudança do comportamento, principalmente com relação ao consumo, que nos parece ser o grande desafio para a construção de um novo paradigma de mudança do modelo de consumo predatório como o americano e onde a China vem ai com tudo, nesse incentivo ao supérfluo, e onde temos um governo cuja política de Lula costuma medir/ressaltar o poder aquisitivo do brasileiro baseado em consumo de carros em detrimento ao incentivo/apoio ao transporte de massa, por exemplo. Enfim, a preocupação é: qual o modelo que estamos a desenhar, perseguir, que a gente precisa. para o futuro?
AT - Esse modelo não existe. E o grande desafio é esse. A gente está tendo que trocar o pneu da bicicleta com a bicicleta andando. A gente não tem esse modelo, estamos descobrindo, fazendo. O que e que a gente sabe? : os valores prevalentes da sociedade de consumo não são sustentáveis. O que e que a gente também sabe? Não é possível uma operação desmonte, que substitua o que esta ai. Você falou da relação Estados-China, por exemplo, não é por decreto, não se faz isso de um dia para outro dizendo assim: agora vamos acabar com a sociedade de consumo, vamos acabar com a banalização na compra de supérfluos e vamos ter aqui valores altruístas, humanitários, coletivos, socioambientais. Não é assim. Importante incomodar esse poder dominante. Estamos falando de uma classe política e de uma classe econômica que complementam ou consensuam que não há propriamente algo a ser mudado no que esta ai. Então, nesse momento é uma luta que se resolve em fases. Nesse momento importa convencer o maior número de pessoas, físicas ou jurídicas, que estamos num caminho que remete ao ecocity. E isso não é pouca coisa. E, a medida que avançamos nessa direção, vamos nos capacitando a descobrir, se não é isso o que será? Se não é para termos uma sociedade ancorada no consumismo é para termos uma sociedade ancorada em que valores? E que desenho de engrenagem econômica, que gere emprego e renda?. Como é que a gente faz isso? E antes da gente dizer como é que faz isso precisamos explicar, com a devida clareza, que o que está acontecendo agora não é conveniente. São etapas que vão se sucedendo. A gente tem que fazer as perguntas certas. A academia hoje não esta preparando economistas para o século XXI. É preciso pensar nisso. São exceções a regra como Eduardo Giannetti da Fonseca, José Ely da Veiga, Sergio Besseman, são alguns nomes de pessoas que estão contra a maré. Então tem um tempo ai de decantação para a gente começar, antes de querer pronto um desenho de civilização baseado em outros princípios, a gente tem que queimar a mufa para ter a clareza do diagnóstico e dizer: isso não nos convém.
LP- Os 20 milhões de votos de Marina, com os Núcleos Vivos internos que foram pouco identificados pela mídia foi um alento à alimentação desse processo que você se refere? E, a presença feminina de Dilma Rousseff pode ter um peso no cominho político de mudanças com relação ao trato ambiental?
AT- O Leonardo Boff acha que sim. Mas eu não faço disso, propriamente, uma questão de gênero. Eu acho que você pode ser um homem muito sensível, com uma visão feminina prevalente de mundo e de valores e de atitudes e você pode ter uma mulher legítima representante da sociedade patriarcal. Mas, enfim, Leonardo sabe mais do que eu, portanto quero confiar no que ele acredita. Nesse momento eu torço para que o governo dela seja um sucesso e que ela, como mulher, realmente, não por ser mulher apenas, mas que ela, também, sendo mulher, abriria mais espaço para uma outra forma de gestão.
Os 20 milhões de votos da Marina precisam ser contados, ao meu ver, da seguinte maneira: quem está fechado com a Marina por ser Marina ou por identificar-se com o pensamento de Marina, é metade disso, são os 10 milhões de votos que parte da campanha colaram na candidatura do PV. Os outros 10 milhões, que vieram na reta final, eu já não tenho a segurança de afirmar que vieram por esse motivo. Eu acho que houve uma combinação de fatores do tipo: desilusão com os candidatos oficiais; campanha fratricida, um jogando denúncia na cara do outro, no colo do outro, e isso frustrou um contingente importante de eleitores. Além dos boatos de que eles não tinham, propriamente, respeito a certos princípios religiosos. Mas, é um alento . E, respondendo objetivamente sua pergunta ela é um fenômeno. Você pode colocar o nome da Marina Silva no dicionário da história política do Brasil como alguém que nas eleições presidenciais de 2010, na sua primeira candidatura à presidência, surpreendeu as instituições, surpreendeu o próprio eleitorado. O fato dela ter ganhado em algumas importantes capitais e ter tido expressiva votação no Rio de Janeiro, por exemplo.
LP- Você acha que a proposta de Marina, de um jeito novo de fazer política, voto consciente, transversalizar a pauta ambiental e até defender o transpartidarismo, teve algum alcance, foi projetado na sociedade?
AT – A Marina foi o novo. E o novo em que sentido? No sentido dela estar muito bem embasada, muito bem acompanhada. Foi a única candidata das quatro candidaturas mais experientes, a apresentar um programa de governo detalhado e consistente. Portanto, o que ela estava falando estava lastreado em compromisso por escrito. Algo que os dois candidatos não fizeram. E um discurso muito sedutor. Eu entendo que nós temos no Brasil a necessidade de se ver balizar um novo modelo de desenvolvimento. E um pais com a nossa configuração tem toda capacidade de construir, que seja realmente colocando a sustentabilidade como o eixo motivacional. Não é um adereço, não é uma variável digamos um tanto distante do desenvolvimentismo, mas é tão importante quanto produzir riqueza, tão importante quanto gerar emprego e renda, é que essas políticas públicas não onerem o passivo ambiental do Brasil, pense um Brasil futuro numa escala de 50 a 100 anos quando a gente fala de matriz energética; que pense em Educação, olhando nas grades curriculares, ementas de cursos tradicionais a possibilidade de inserir não uma disciplina eletiva, durante um semestre, mas como na Engenharia, no Jornalismo, na Economia, na Odontologia, na Agronomia, como é que se inclui a variável Sustentabilidade. Esse é um discurso que está condenado a crescer. Então, a semeadura foi boa. E que não seja do gueto do PV. Eu torço para que nas próximas eleições nem o PV e nem a Marina sejam os únicos porta-vozes desse discurso.
LP – Por isso que eu te perguntei sobre os Núcleos Vivos da campanha, como o MMS, Movimento Marina Silva e pessoas que não gostam de partidos, ONGs e movimentos ambientalistas, como o AMA- Amigos do Meio Ambiente que foi até SP buscar subsídios para ampliar a campanha, na Bahia, no Nordeste. André tem muita gente esperando a sua palestra e não queremos atrapalhar. Queria fazer uma última pergunta, sobre o que creio pouca gente conhece, sobre sua pessoa, sobre o tema de sua palestra, “Espiritismo e Ecologia”.
AT - Essa última pergunta, é pra me derrubar!! ( risos..)
LP. Não, é que temos curiosidade de saber como é isso, porque você me parece, você não é um jornalista que fala sem coração e alma, com certeza!!
AT- Olha, todas as religiões, todas as tradições espirituais para se afirmarem como tal precisam ser sustentáveis, Porque, se eu bem entendo o significado do discurso religioso é de nos religarmos a uma força superior, todas as religiões tentam nos transformar em pessoas melhores e promovem à vida, na sua plenitude. Uma religião que não seja sustentável é um paradoxo terrível. Espiritismo é uma filosofia espiritualista que tem aspectos religiosos e trás nas suas informações básicas, isso é interessante porque é uma doutrina que tem 150 anos e ela realmente é muito moderna em assertivas que remetem a um mundo mais solidário e no uso dos recursos naturais, separa o que é necessário do que é supérfluo e com uma consideração importante no que é reencarnação. Nós somos recarnacionistas, portanto, para cá regressaremos se tivermos a compatibilidade com a vida, com esse planeta, que está em transformação, devera ter. Portanto, nós estaremos preocupados não apenas com os filhos e netos, estaremos preocupados com nós mesmos, quando nos afirmamos como recarnacionistas. Quer dizer: a lei do retorno, que o budismo também preconiza, estabelece uma ética que não é só para com o outro também é para um legado que você deixa para os outros, para você.
LP – Para concluir. Como é que se pratica isso sem entrar na questão de fé cega, no fanatismo, porque isso é um problema não e?
AT- O espiritismo, bem compreendido, é a fé raciocinada. Eu não estou aqui.
LP- Desculpa, mas eu não falo só com relação ao espiritismo, mas com relação a espiritualidade, de forma geral, de introduzir essa coisa sublime de pensar no outro sem cair no que nós observamos hoje, no Brasil e no mundo, na fé cega, alienada, no culto até, por vezes, violento, com registros na própria imprensa.
AT- Hummm, bem, questões de fé é de cada um. Quem se identifica com um discurso mais radical, com dogmas rígidos, código moral secreto, quem se identifica, que seja feliz assim. Cada um escolhe o seu caminho, ninguém é obrigado. Você busca o que você tem afinidade. O mundo, ele é desigual em vários aspectos. Inclusive nas crenças. Eu não vou falar mal de quem tenha outra visão de Deus, da vida ou do uso dos recursos naturais. Agora, no livro Espiritismo e Ecologia eu abro um capítulo para falar de outras religiões. Como ela já estabelece esses links entre suas escrituras, seus pontos de fé, e o que a gente chama, hoje, modernamente de sustentabilidade, então é muito bonita essa sinergia entre budismo, judaísmo e diferentes religiões cristas. Eu, espiritismo, nessa família cristã, na busca de um mundo melhor e mais justo. De um mundo sustentável”.
*Entrevista concedida antes da palestra ESPIRITO E ECOLOGIA, realizada dia 27.11.2010, às 14 horas, no Auditório da Escola Politécnica da Bahia ,a convite da Sociedade Espírita O Semeador.